A Descoberta dos Açores
Desde o século XIV que é marcada a existência dos Açores em cartas de marear. Um arquipélago desconhecido, nove ilhas perdidas na imensidão do Atlântico Norte, abundantes em vegetação, envoltas em mistério e bruma.
Gaspar Frutuoso, naturalista e cronista açoriano do século XVI, referia nos seus livros “Saudades da Terra”, que os Açores haviam sido descobertos por Gonçalo Velho Cabral, tendo chegado à ilha de Santa Maria em 1432.
Contudo, com o decorrer dos séculos, resolveram-se as questões sobre quem descobriu os Açores ou quando foram descobertos, chegando-se à conclusão de que o descobrimento das primeiras ilhas açorianas terá ocorrido por volta de 1427, sob o comando de Diogo de Silves.
E as primeiras a serem encontradas foram as do grupo Oriental, Santa Maria e São Miguel (1427), seguidas da ilha Terceira e restantes do grupo Central, entre 1449 e 1451.
Quanto às ilhas do grupo Ocidental, Flores e Corvo, apenas em 1452 é que Diogo de Teive as alcançou.
No mais antigo documento régio referente aos Açores, que data de 2 de julho de 1439, é dada permissão ao Infante D. Henrique para mandar povoar e lançar ovelhas nas sete ilhas dos Açores.
Colonização dos Açores
É tido o ano de 1440 como o início do povoamento dos Açores.
A colonização ocorrida ao longo do século XV e XVI trouxe ao arquipélago inúmeros colonos de diversas partes de Portugal (Algarve, Alentejo, Extremadura e arquipélago da Madeira), mas não só.
Aos Açores chegaram também espanhóis, franceses, italianos, flamengos, ingleses, judeus, mouros e escravos africanos.
E nesses primeiros anos houve que trabalhar arduamente: desbravar arvoredo e vegetação, arrotear os terrenos, construir habitações e suportar todas as dificuldades que a Mãe Natureza pudesse trazer.
A madeira cortada foi exportada ou utilizada na construção naval e com a limpeza dos terrenos iniciaram-se as primeiras culturas, sendo o século XV marcado por grandes exportações de cereais (trigo), iniciando-se a cultura e indústria do pastel, da urzela e da cana-de-açúcar.
O século XVI é caracterizado por um grande desenvolvimento social e económico, com Ponta Delgada e Angra do Heroísmo a serem elevadas a cidades.
Durante este século as culturas do pastel e da urzela ganham grande relevo, as vinhas europeias, mais tarde substituídas pelas americanas, multiplicam-se, e é introduzido o inhame e a batata doce.
No século XVII são as culturas do linho e da laranjeira que ganham força e é introduzido o milho. Ainda nesta centúria, registam-se vários eventos sismo vulcânicos que levam a uma vaga de emigração para o Brasil.
Por sua vez, no século XVIII, registam-se as primeiras exportações de laranja para o Reino Unido, dá-se uma intensificação das plantações de árvores e introduz-se a cultura da batata.
No século XIX, a cultura e o comércio da laranja atingem o seu auge e novas espécies bovinas chegam à Região. A caça à baleia torna-se comum e são introduzidas na ilha de S. Miguel as culturas do chá, da espadana, do tabaco e do ananás.
Em 1893, os Açores ficam ligados à rede mundial de cabos submarinos.
A primeira metade do século XX foi caracterizada sobretudo pelo início do fabrico do açúcar da beterraba e por um grande desenvolvimento das indústrias dos lacticínios e das pescas. Ocorre uma nova vaga de emigração, sobretudo para os Estados Unidos da América e Canadá.
A primeira metade do século XX foi caracterizada sobretudo pelo início do fabrico do açúcar da beterraba e por um grande desenvolvimento das indústrias dos lacticínios e das pescas. Ocorre uma nova vaga de emigração, sobretudo para os Estados Unidos da América e Canadá.
Datas Importantes
Mas não só de terra e de mar se fez o caráter dos açorianos.
Ao longo dos séculos, vários foram os acontecimentos político-administrativos que moldaram o povo insular e que contribuíram para o que são atualmente os Açores e Portugal.
- A ocupação castelhana (1583-1641)
- Da Restauração à Capitania Geral (1642-1766)
- A Capitania Geral (1766-1820)
- O advento do liberalismo (1820-1828)
- A guerra civil e a regência de Angra (1828-1832)
- A monarquia constitucional (1832-1891)
- A campanha autonomista (1892-1895)
- A autonomia administrativa (1895-1928)
- A consolidação do Estado Novo (1928-1943)
- A II Guerra Mundial e o desembarque britânico (1943-1946)
- O 25 de Abril e opção autonómica (1974-1976)
- A autonomia constitucional (1976 ao presente)
Desde a ideia de que estas ilhas seriam reminiscências da lenda da Atlântida, às incertezas e teorias quanto à sua descoberta e povoamento, os Açores, dispersos ao longo de uma faixa com cerca de 600 km de extensão, posicionaram-se desde o início como um ponto estratégico entre a Europa e América, entre o velho e o novo mundo.
Uma história com quase 600 anos e um povo que nasceu do mar, da lava e das cinzas, das montanhas e das florestas, mas, sobretudo, da singular capacidade para nunca desistir – a sua resiliência.